Os piscicultores catarinenses produziram 40.324 toneladas de peixe de água doce em 2014, o que coloca o Estado como o quinto maior produtor do País. Os dados fazem parte do relatório “Desempenho da piscicultura de água doce”, divulgado pelo Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca (Cedap) da Epagri. Os números representam um crescimento de mais de 3 mil toneladas em relação ao ano anterior, quando foram produzidas 36.565 toneladas.
Os valores são resultado das tecnologias desenvolvidas e difundidas pela Epagri, já que Santa Catarina possui peculiaridades que são limitantes para a atividade. O frio do inverno catarinense dificulta e até inviabiliza a produção de diversas espécies de peixes, principalmente nas regiões mais altas.
No Estado, a produção de alevinos fica restrita entre outubro e março, quando as temperaturas são mais elevadas. Assim, enquanto outras regiões do País conseguem produzir facilmente duas safras anuais, em Santa Catarina normalmente ocorre apenas uma. Mesmo assim, o Estado produz grande variedade e quantidade de peixes de água doce, ficando atrás somente de Rondônia, Mato Grosso, Paraná e Ceará e permanecendo à frente de São Paulo.
O levantamento da Epagri classifica os produtores em duas categorias: o amador, que produz por lazer e faz vendas eventuais, e o profissional, que vende de forma sistemática e regular. Os 26.493 piscicultores amadores catarinenses produziram 15.613 toneladas em 2014. Já os 3.433 profissionais foram responsáveis por 24.709 toneladas, gerando R$182 milhões.
Considerando somente a produção profissional, a região de Joinville foi a campeã, seguida por Tubarão, Rio do Sul, Blumenau, São Miguel do Oeste e Palmitos. Apesar de serem em menor número, os profissionais respondem por 61% do total produzido, já que empregam tecnologia de ponta. As espécies mais produzidas são tilápias (66,9%) e carpas (25,5%).
Vendas para indústrias
O estudo também apurou um indicativo de mudança no mercado consumidor. O levantamento apresentou uma leve tendência dos produtores em entregar os peixes para indústrias e abatedouros (35%) em detrimento dos pesque-pague (45%), os principais compradores atacadistas. O volume restante (20%) foi entregue para o mercado local, formado por restaurantes, peixarias e vendas na propriedade.
Os pesque-pague pagam entre 10% e 15% a mais pelo quilograma do peixe, por isso ainda são preferência entre os produtores. Mas as indústrias vêm oferecendo cada vez mais vantagens, já que compram peixes menores, o que implica menos tempo de cultivo. Os industriais também compram todos os peixes de uma só vez, diferentemente dos pesque-pague, que compram em parcelas, forçando o produtor a realizar várias despescas anuais.
Outro fato é o reduzido número de pesque-pague no Estado em contraposição à indústria, que não tem limite de compra e se queixa de falta de matéria-prima. Cada vez mais frigoríficos especializados no abate de peixes de água doce se instalam no Estado, tanto de grande quanto de pequeno porte. Muitos esbarram na falta de matéria-prima e acabam encerrando suas atividades ou enfrentando problemas de caixa, o que demonstra quanto esse mercado ainda tem a crescer.