Quais estratégias Santa Catarina poderia adotar no meio rural para produzir alimentos de qualidade, regenerar áreas degradadas e mitigar efeitos das mudanças climáticas? Como a agropecuária catarinense poderia se adaptar para buscar sustentabilidade econômica, promovendo ao mesmo tempo regeneração ambiental e manutenção da biodiversidade?
Essas são as reflexões que embasam o artigo científico “Mudanças climáticas, ecologia histórica e agricultura em Santa Catarina”. O trabalho é assinado pelos pesquisadores da Epagri/Ciram, Luiz Fernando de Novaes Vianna e Fabio Martinho Zambonim, e está disponível para livre acesso no site da revista Contibuciones a las Ciencia Sociales.
O artigo aponta que, quando os europeus colonizaram o território catarinense, entraram em choque com as comunidades tradicionais, que praticavam técnicas agrícolas que eram desconhecidas deles. Isso explicaria as dificuldades tecnológicas enfrentadas pelos imigrantes daquele continente que se propuseram a produzir alimento no território catarinense.
Resgate do conhecimento das populações originárias
“A dificuldade em lidar com as florestas tropicais e seus habitantes favoreceu o desmatamento e a introdução de espécies exóticas já domesticadas pelos europeus, como a uva e o porco”, afirmam os autores. “Precisamos resgatar os conhecimentos das populações originárias e aprender com elas. Ou continuaremos apenas fazendo mais do mesmo”, alertam.
Contudo, o artigo afirma que Santa Catarina tem grande potencial para lidar com o passivo ambiental e social resultante de sua produção alimentícia. “Inicialmente porque é um Estado que se destaca pela agricultura familiar”, pondera o documento. “Além disso, os movimentos de resgate do conhecimento das comunidades originárias é uma realidade que favorece a ampliação do repertório agrícola, tanto em termos de espécies quanto de tecnologias”.
Os autores indicam caminhos que poderiam ser adotados para contornar a questão. Segundo eles, o sistema de plantio direto de hortaliças (SPDH), o apoio à agricultura orgânica, novas abordagens agrícolas regenerativas, como a agroecologia e os sistemas agroflorestais (SAFs), já fazem parte deste processo de mudança da cultura.
“Apesar das mudanças já serem perceptíveis, em Santa Catarina, em relação à inserção da componente ambiental na agricultura, é necessário avançar”, pondera o artigo. Os autores entendem que o desafio atual é manter os benefícios alcançados com as tecnologias de produção oriundas do “milagre verde” e reduzir os impactos socioeconômicos, culturais, de saúde e ambientais causados por essas mesmas tecnologias.
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