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Epagri estuda viabilidade da produção de lúpulo no Planalto Sul catarinense

A Epagri e a Ambev têm uma parceria para implantação de lavouras de lúpulo em Santa Catarina. Um dos resultados foi a colheita realizada em um hectare em propriedade rural de São Joaquim, entre o final de fevereiro e início de março. Essa é a segunda safra da lavoura e os resultados são animadores. “Pôde-se observar uma grande diferença positiva na produtividade na área, que recebeu aporte adicional de iluminação artificial, com lâmpadas de led por três horas por dia, por cerca de 80 dias”, descreve Filipe Souza Oliveira, extensionista rural do Escritório Municipal da Epagri em São Joaquim.

Epagri e Ambev mantém parceria desde 2020 para produção de lúpulo em SC (Foto: Dayse Oliveira Miguel)

Segundo o extensionista, o produtor obteve até o momento cerca de R$30 mil, ou seja, 30% de retorno do investimento realizado, que foi em torno de R$100 mil. A lavoura foi implantada na localidade do Monte Alegre, que fica a aproximadamente 1,2 mil metros de altitude. 

O Brasil é um dos maiores consumidores de cerveja do mundo, porém, importa praticamente 100%  do lúpulo usado para a produção da bebida. Foi pensando nisso que a Ambev procurou a Epagri em 2020 para o estabelecimento da parceria. Após a identificação de agricultores interessados em implantar a cultura, a fabricante de cervejas cedeu as mudas e contribuiu com assistência técnica nos manejos das safras. 

De acordo com Filipe, predominam no Planalto Sul catarinense as pequenas propriedades rurais, com características  familiares. Elas desenvolvem diferentes atividades econômicas para composição da renda, como fruticultura, olericultura,  pecuária, produção de queijo artesanal, turismo rural, apicultura, coleta de pinhão, entre outros. Essa diversificação de cultivos e busca de alternativas para composição da renda familiar foi uma das características que levou Epagri e Ambev a escolherem a região para os primeiros testes com cultivo de lúpulo. 

Desafios

“O lúpulo é uma planta trepadeira muito vigorosa, que exige solos bem drenados, corrigidos, adubados, em áreas planas, com irrigação, e iluminação artificial por meio da instalação de lâmpadas de led, para expressar seu maior potencial produtivo”, explica o extensionista. Mas os desafios para cultivo de lúpulo no Planalto Sul não encerram aí. O controle de plantas daninhas, a concorrência de mão de obra com a maçã no momento da colheita e a inexistência de agroquímicos registrados para os controles fitossanitários da cultura são outros entraves a serem superados pelos potenciais produtores. 

Lúpulo é uma planta trepadeira vigorosa (Foto: Mariana Mendes)

Somam-se a isso o elevado custo das mudas, a inexistência de uma cadeia para o beneficiamento da produção (pelagem, secagem e peletização dos cones das plantas), além da necessidade de dados dos teores de alfa e beta ácidos e resinas contidos na lupulina, que conferem o aroma e amargor à cerveja. Desta forma, a Epagri ainda não recomenda o  cultivo para o município de São Joaquim e prefere aguardar mais algumas safras para estudar a viabilidade financeira da produção de lúpulo. 

Para tentar contornar as adversidades, a Epagri vem desenvolvendo estudos na sua Estação Experimental de São Joaquim, de modo a fornecer bases técnicas para os manejos das safras. Conta ainda com apoio de técnicos especialistas argentinos e alemães, bem como com pesquisas realizadas pelo campus da Udesc em Lages. 

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