Bolos, doces e bolachas decoradas que remetem à comida de vó, preparada naquele saudoso sítio no Vale Europeu, região catarinense colonizada por imigrantes alemães e italianos. São assim os produtos ofertados pelo casal de agricultores Daiane Formagi Raphaeli e Marcelo Raphaeli na Casa di Dai, nome dado ao café colonial e ao empório instalados lado a lado no município de Ascurra, no Vale do Itajaí. As receitas herdadas da família receberam um toque original de Daiane e são servidas nos dois espaços, inaugurados em setembro de 2021, na comunidade rural de Saxônia.
A proposta de Daiane, que é a responsável pela produção e mentora do empreendimento, é oferecer comida com memória e uma experiência do mundo rural a todos que passam por lá. Essa experiência já começa na arquitetura do empório, com estilo enxaimel, que é uma técnica de construção baseada na montagem de paredes com hastes de madeira encaixadas entre si, herdada da Europa medieval. Os móveis também são antiguidades: os armários do café eram da avó de Daiane, Maria dos Santos Formagi, com quem a chef aprendeu muitas receitas. “A proposta é de um café colonial com ar de fazenda. Queremos que nosso visitante se sinta acolhido como na casa da mãe”, diz ela.
E o projeto não para por aí: o pequeno lago no entorno em breve terá peixes que poderão ser alimentados pelos visitantes; o bosque da propriedade logo terá estrutura para abrigar piqueniques com cestas montadas pela Casa di Dai; a área vai abrigar pequenos animais para serem tratados pelos turistas; a horta de onde Daiane retira os temperos para suas preparações terá hortaliças especialmente para serem colhidas pelos consumidores. “Temos projetos de melhorias para até 2030. Neles também está incluída a construção de uma pousada, onde as pessoas possam acordar com o cheiro do café do sítio e com o barulho dos animais”, diz a empreendedora.
A história da Casa di Dai
Daiane trabalha com panificação e confeitaria desde 2017, quando começou na cozinha da própria casa. Segundo a extensionista da Epagri Tatiane Carine da Silva, os produtos são de altíssima qualidade, feitos com matéria-prima selecionada e sempre procurando manter a forma artesanal de elaboração. “Como toda a comercialização era feita na propriedade, Daiane e Marcelo sentiram a necessidade de ter um ponto adequado para venda, daí a ideia do empório. A proposta é ter no local produção própria e de agroindústrias da região, como sucos, geleias, mel, melado, cachaça, salame, queijo, etc…. Já o café abre aos finais de semana para o público e em dias de semana para eventos fechados”, diz a extensionista. O café colonial tem capacidade para atender até 600 pessoas por dia. Além desses dois segmentos, Daiane ainda atua em um terceiro: com encomendas, que se intensificam em datas comemorativas, a exemplo da Páscoa e do Natal.
A Casa di Dai é um sonho de Daiane que está sendo realizado. Para chegar até aqui, o casal procurou a Epagri em 2019 para ter acesso a financiamentos. De lá para cá foram três: Pronaf Mais Alimentos (R$165 mil), Pronaf Agroindústria (R$165 mil) e Programa Fomento Agro SC (R$50 mil), além de investimentos da família. Com tudo isso, Marcelo deixou o emprego na cidade para embarcar no projeto da família.
Além do acesso às políticas públicas, Tatiane assessorou os agricultores para participar da chamada pública do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae). Com isso, a Cada di Dai também entrega biscoitos e bolos para o Instituto Federal Catarinense em Blumenau. A extensionista relata ainda que a Epagri, por meio do engenheiro de alimentos Henrique Rett, de Joinville, também auxiliou a família com assistência técnica para a legalização da agroindústria, deu recomendações para a definição do layout da unidade produtiva, bem como deu orientações sobre rotulagem e sugestões de produtos.
“A produção de Daiane rege o princípio do produto caseiro, feito pela vovó, da forma mais artesanal possível, assim como parte dos insumos, como frutas, algumas verduras e temperos, que são produzidas na propriedade pela família. A Casa di Dai tem o preceito do produto natural, fresco e sem o uso de agroquímicos. E o controle de qualidade é feito por um degustador exigente: o filho Enzo, de 5 anos. O produto final é de fato de um sabor extraordinário”, diz a extensionsita.
A família se preocupou em utilizar materiais de demolição para a construção do empreendimento, reaproveitando madeira de uma casa de 100 anos, tijolos e outros itens que seriam descartados. Eles também conservam as florestas em suas propriedades, pois utilizam apenas 3 % dos mais de 30 ha que possuem. “O lugar é belíssimo, aconchegante e cercado pela natureza”, complementa Tatiane.
O empreendimento começou a funcionar em plena pandemia e vem conseguindo se manter, mas o foco está em atrair o turista que vem visitar o Vale Europeu e não apenas os moradores locais. Para atingir esse público, a Casa di Dai tem site e perfil nas redes sociais. Daiane afirma que a divulgação do empreendimento nessas mídias tem atraído cada vez mais visitantes, como foi o caso deste último verão. “Estamos viabilizando parcerias com agências de turismo do Vale Europeu para incluir nosso empreendimento no roteiro de visitas”, conta ela.
A Casa di Dai está localizada à rua Ribeirão São Paulo, 4965, Comunidade Saxônia, Ascurra, SC. Acompanhe o empreendimento nas redes sociais:
Site: https://casadidai.com.br/
Instagram: @acasadidai
Facebook: /casadidai
Mais informações e entrevistas:
Tatiane Carine da Silva, extensionista da Epagri, pelo fone: (47) 3399-3096
Daiane Formagi Raphaeli, pelo fone (47) 99960-4264
Por: Isabela Schwengber, jornalista – isabelas@epagri.sc.gov.br