O aipim, também conhecido como mandioca ou macaxeira, é uma planta nativa da América do Sul, que após a colonização ganhou o mundo. É a terceira maior fonte de carboidrato nos trópicos, depois do arroz e do milho. A cidade de Itajaí, em Santa Catarina, produz um tipo muito especial desta raiz, o aipim da turfa. Turfa é um material de origem vegetal, parcialmente decomposto, encontrado em camadas, geralmente em regiões pantanosas e também sob montanhas.
Em Itajaí a turfa é utilizada pelos agricultores para produção de um aipim com características únicas. Antônio Henrique dos Santos, engenheiro-agrônomo e extensionista da Epagri em Itajaí, explica que o aipim da turfa é diferenciado em sabor e qualidade.
“A turfa, sendo um material poroso, não oferece resistência para o aipim crescer, daí a menor quantidade de fiapos nas raízes. Já o sabor provém da quantidade de compostos fenólicos presentes na turfa”, descreve o técnico da Epagri. Ele ressalta que o alimento já é popular entre os frequentadores de feiras e sacolões da cidade, que procuram “aquele aipim com casca ‘suja’ de preto”.
Em dezembro a Secretaria da Agricultura e Expansão Urbana de Itajaí sediou uma reunião para elaboração de um diagnóstico preliminar que pode desencadear um processo de Indicação Geográfica (IG) do aipim da turfa de Itajaí. Participaram produtores e técnicos da Epagri, do Sebrae e da prefeitura.
O que é uma IG
O registro de Indicação Geográfica é conferido pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) a produtos ou serviços que são característicos do seu local de origem, o que lhes atribui reputação, valor intrínseco e identidade própria, além de os distinguir em relação aos seus similares disponíveis no mercado.
Santa Catarina conta com sete IGs: Erva-mate do Planalto Norte Catarinense, Maçã Fuji da Região de São Joaquim, Vinhos de Altitude de Santa Catarina, Mel de Melato da Bracatinga, Vinho dos Vales da Uva Goethe, Banana da Região de Corupá e Campos de Cima da Serra para Queijo Serrano. Todas foram conquistadas com participação ativa da Epagri.
Antônio explica que a ideia de obtenção de uma IG para o aipim da turfa de Itajaí não é recente. Ainda antes do início da pandemia de Covid-19 foram realizadas duas reuniões, uma envolvendo a secretaria da agricultura local e a Epagri e a outra com produtores de aipim na comunidade São Roque.
Em 2022, com o relaxamento das medidas restritivas da pandemia, as ações foram retomadas. A primeira providência foi uma visita ao município de Luiz Alves, que inicia processo de obtenção de IG para a cachaça e banana. Participaram os secretários de agricultura dos dois municípios, técnicos da Epagri e representantes da Associação dos Bananicultores de Luiz Alves (Abla). Segundo Antônio, o objetivo foi conhecer o desenvolvimento de um processo de obtenção de IG.