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Pesquisador da Epagri fala sobre inovação e futuro do agronegócio em podcast

O pesquisador do Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Epagri/Cepaf), Rafael Sabião, participou do podcast Desbravalley, durante a 22ª edição da Efapi do Brasil. O bate-papo, conduzido por Viviane Negri, contou também com a participação de Renê Luiz Anziliero, gestor de inovação e turismo da regional Oeste, no Sebrae. Clique aqui para ouvir o episódio. 

Durante a conversa, Rafael e Renê apresentaram as principais iniciativas e propostas desenvolvidas pelo GT Agro, do qual Rafael é líder, uma das quatro verticais que integram o ecossistema de inovação em Chapecó, o ChapHub. O trabalho deste ecossistema ganhou forma após um levantamento realizado em 2022, que identificou as quatro grandes áreas econômicas da cidade: agronegócio, máquinas e equipamentos; saúde; tecnologia da informação e Comunicação. O objetivo do trabalho é desenvolver soluções inovadoras que possam facilitar processos, difundir informações e agregar valor a produtos e serviços que contribuam para o desenvolvimento regional.  

Rafael trabalha a ciência e a inovação de forma lúdica com crianças de escolas de Chapecó e região (Foto: Divulgação / Epagri)

Rafael recorda que a Epagri foi convidada a integrar o grupo de trabalho durante o mapeamento devido à sua capilaridade nas áreas de pesquisa e extensão rural. “A Epagri é um exemplo de instituição que transforma o conhecimento científico em aplicações práticas, compartilhadas com a sociedade e aplicadas no campo. O papel da Epagri no desenvolvimento e na difusão de soluções inovadoras é integrar ciência, extensão, sustentabilidade e gestão territorial para fortalecer a agricultura familiar e as cadeias produtivas de Santa Catarina. É um sistema completo: da pesquisa ao produtor, garantindo que a inovação realmente chegue ao campo e gere impacto”, diz. 

Além de Rafael, o pesquisador Felipe Jochims e o gerente do Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Epagri/Cepaf), Vagner Portes, também colaboram com o grupo. O pesquisador salienta que os centros de pesquisa especializados da Epagri trabalham com as diversas cadeias produtivas de forma transversal e multidisciplinar. “Conduzimos experimentos científicos que geram recomendações aplicadas, transformando ciência em soluções práticas e tecnologias de fácil adoção. Os profissionais da extensão rural levam as tecnologias ao produtor por meio de visitas técnicas, dias de campo, oficinas e assistência contínua, ajudando os agricultores a implementar as inovações em suas propriedades, além de acompanhar os resultados e estebelecer boas práticas e soluções junto às famílias rurais”, observa. 

Desafio é ampliar a mentalidade empreendedora e tecnológica em Chapecó

Na conversa Rafael e Renê destacaram a importância do agronegócio para Chapecó e a região Oeste. Relevância que se observa não somente nas grandes agroindústrias, mas também nas pequenas propriedades rurais, responsáveis pela produção de leite, grãos, hortaliças, produtos coloniais e que também desenvolvem o turismo rural no Oeste de Santa Catarina. Apesar disso, boa parte das startups que desenvolvem soluções para o agronegócio são oriundas de outras regiões do Estado. Buscando reverter este cenário e ampliar a mentalidade empreendedora e tecnológica na cidade, algumas iniciativas têm sido realizadas pelo GT do agronegócio. Uma das principais medidas adotadas é a promoção de ações em escolas, como rodas de conversa e projetos voltados para crianças e jovens, para despertar, desde cedo, o interesse pelo empreendedorismo e por soluções inovadoras no agro.

Nesse sentido, foi identificado que um dos grandes desafios é a baixa participação de estudantes das ciências agrárias em eventos voltados ao empreendedorismo e à tecnologia, como o Techstars Startup Weekend. “A baixa participação de estudantes destas áreas em eventos de inovação está muito ligada à falta de conexão entre esses eventos e a realidade do setor. Ainda existe uma percepção de que inovação é algo restrito à tecnologia digital, quando, na verdade, o agro é um dos setores que mais demandam soluções inovadoras. Além disso, muitos cursos têm cargas práticas intensas e pouca integração com incubadoras, startups e hubs de inovação, o que reduz a visibilidade das oportunidades”, afirma Rafael. Segundo ele, a baixa adesão dos estudantes destas áreas não pode ser interpretada como falta de interesse dos alunos, mas como reflexo da ausência de vínculos que os aproximem das iniciativas de inovação, tecnologia e empreendedorismo”.

Renê e Rafael observam ser fundamental aproximar esses estudantes das discussões sobre inovação no agronegócio, promovendo uma mudança de mentalidade desde a formação universitária. Para isso, o grupo tem planejado ações pontuais nas universidades de Chapecó e pretende também uma maior integração com os Cedups agrotécnicos (Centro de Educação Profissional), especialmente, com os cinco centros geridos pela Epagri. O pesquisador destaca que tem recebido com frequência grupos de estudantes dos CEDUPs e de escolas de Chapecó no Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar, aproveitando essas visitas para apresentar ideias e oportunidades ligadas à inovação no agronegócio. Rafael afirma que, a partir do próximo ano, pretende estabelecer uma maior interação entre o GT Agro e os cursos técnicos e de graduação ligados às ciências agrárias. “Pretendemos apresentar o Ecossistema de Inovação de Chapecó e, também, introduzir a cultura da inovação, levando o vocabulário utilizado no meio para desmistificar o assunto e aproximar os futuros profissionais do empreendedorismo inovador”, revela.

Os resultados obtidos pelo grupo de trabalho se refletem na ampliação do número de representantes de instituições e empresas vinculadas ao agronegócio, na consolidação de projetos de pesquisa e no fortalecimento de cadeias produtivas articuladas entre entidades como Epagri, Sebrae, Senai e Udesc. Rafael ressalta ainda a presença do grupo em eventos estratégicos, como o Tec Agro, o SW Agrotech e o Congresso Catarinense de Engenharia, Agronomia e Geociências. “Além disso, em encontros como o Frusul (Simpósio de Fruticultura da Região Sul) e o Simpósio Brasil Sul de Bovinocultura de Leite (SBSBL), apresentamos cases de sucesso que evidenciam o papel do ChapHub como catalisador de ideias e oportunidades voltadas à inovação e ao empreendedorismo em Chapecó”.

Rafael antecipa que uma das ações estratégicas previstas para o próximo ano é a inscrição do ChapHub no Prêmio Nacional de Inovação. A iniciativa busca não apenas o reconhecimento da atuação do ecossistema local, mas também a valorização das práticas colaborativas entre agentes e instituições no município.

Ouça aqui a íntegra da participação da Epagri no ppodcast. 

Por: Karin Helena Antunes de Moraes, jornalista bolsista Epagri/Fapesc

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