Santa Catarina comercializou 751,09 toneladas da macroalga Kappaphycus alvarezii na safra 2023/24, volume 150,07% superior ao ciclo anterior. A produção envolveu 52 algicultores, um aumento de 136,36% em relação à safra 2022/23.
“O sucessivo crescimento da produção comprova a demanda pelo produto e demonstra a expectativa do setor produtivo, que está acreditando nessa nova cultura marinha, impulsionada pelo comércio comprador”, avalia Alex Alves dos Santos, pesquisador do Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca (Epagri/Cedap). Ele publicou artigo com os números da safra na edição mais recente da revista Agropecuária Catarinense, publicação científica da Epagri.
A safra movimentou R$2.103.052,00 com a venda direta de alga in natura pelos produtores. Cada quilo de alga foi vendido pelo preço médio de R$2,80. As mais de 700 toneladas comercializadas renderam 600.872 litros de biofertilizante, resultando em uma movimentação financeira de R$10.815.696,00. Cada litro foi negociado por R$18,00.
Os produtores ainda deixaram de comercializar 260,40 toneladas e morreram outras 143,46 toneladas em decorrência das chuvas. Considerando estes números, o total da produção chegou a 1.154,95 de toneladas na safra 2023/24.
Descompasso entre produção e processamento
Segundo o pesquisador, a frustração na comercialização foi causada por um descompasso entre a capacidade diária de fornecimento de algas pelo setor produtivo, que era de 10 a 15 toneladas, e a capacidade diária de processamento de biofertilizante, que chegava a 6 toneladas. Isso porque existe apenas uma empresa compradora de algas no Estado. “Em outras palavras, não foi possível comprar uma quantidade maior de algas do que a capacidade de transformação em biofertilizante”, argumenta Alex.
A capacidade de processamento de biofertilizante em Santa Catarina já foi ampliada para 35 toneladas por dia para a safra 2024/25. Isso porque ela vai envolver três empresas, ao invés da única que atuou na safra 2023/24. “Com o decréscimo da produção de moluscos e o consequente encolhimento da cadeia produtiva, a macroalga Kappaphycus alvarezii vem se tornando uma opção de emprego e renda para os maricultores catarinenses”, considera o pesquisador.
Além da crescente demanda por biofertilizante, a produção catarinense é estimulada por outras oportunidades de uso da biomassa. Elas estão na biotecnologia, pecuária, comércio de créditos de carbono, entre outros fins.
Resíduos ricos em carragenana e probióticos
Alex explica que, após a extração do biofertilizante, restam 4% de resíduos, ricos em carragenana e probióticos, que ainda não são comercializados. Esse excedente é destinado para alimentação de suínos, aves e bovinos e para adubação do solo. “A única limitação para seu comércio imediato é a secagem adequada”, pontua o pesquisador da Epagri/Cedap. Uma das empresas que produz biofertilizante no Estado vem obtendo sucessos parciais em testes de secagem.
A terceira safra catarinense da macroalga Kappaphycus alvarezii iniciou em setembro de 2023 e encerrou em maio de 2024. Atuaram 22 produtores de Florianópolis, 10 de Palhoça, cinco de Biguaçu, cinco de Bombinhas, três de Penha, três de Governador Celso Ramos, dois de Porto Belo, um de São José e um de São Francisco do Sul. A produtividade ficou em 28,55 toneladas por hectare, menor que a safra anterior (31,32t/ha). O tamanho médio da área explorada é de 0,78 hectare por produtor. Cada algicultor produziu em média 14,44 toneladas de algas na safra 2023/24.
O cultivo comercial da macroalga em Santa Catarina foi aprovado em 2020, após 11 anos de estudos desenvolvidos pela Epagri e Universidade Federal de SC (UFSC). A primeira safra aconteceu em 2021/22, resultando em 102,3 toneladas.
“Como toda jovem cadeia produtiva, muitos desafios precisam ser superados”, pondera Alex. Ele destaca que ainda é preciso aprimorar várias etapas, desde o planejamento da produção, passando pela ampliação das plantas processadoras, o estabelecimento de novas linhas de processamento e a comercialização.
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