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Praga de pastagem identificada em SC chega a outros Estados

  • Pecuária
Inseto foi identificado na América do Sul em 2015 (Foto: Ribeiro et al. (In press))

A mosca-da-grama-bermuda, Atherigona reversura Villeneuve, 1936 (Diptera: Muscidae), detectada pela primeira vez no Brasil por uma equipe de pesquisadores liderados pelo entomologista da Epagri Leandro do Prado Ribeiro, chegou ao Paraná, a São Paulo e ao Mato Grosso do Sul. Em abril de 2015 foi feito o primeiro relato do inseto na América do Sul, quando a espécie foi encontrada em Abelardo Luz, Chapecó, Palmitos e Videira, nas regiões Oeste e Meio-Oeste de Santa Catarina. A espécie-praga exótica invasora ataca pastagens, provocando sérios prejuízos aos pecuaristas.

“Produtores de leite, feno e pré-secado de diferentes municípios do Paraná, de São Paulo e do Mato Grosso do Sul têm relatado recentemente a ocorrência da praga em suas propriedades”, explica Leandro. Forragicultores desses estados observaram intensivos danos em pastagens formadas pelos cultivares de grama-bermuda Tifton 85, Tifton 68, Capim Vaqueiro, Jiggs e Coast Cross. “Isso amplia a dispersão da mosca-grama-bermuda no Brasil e sua associação hospedeira”, explica o pesquisador, acrescentando que, em Santa Catarina, os ataques aconteceram incialmente no cultivar Jiggs.

Além do Brasil, a ocorrência da mosca-da-grama-bermuda também foi notificada, recentemente, em três províncias da Argentina (Buenos Aires, Chaco e Santa Fe). Embora a percentagem de perfilhos danificados seja variável de acordo com o cultivar, o ataque dessa praga tem causado reduções de até 60% na produtividade de cultivares suscetíveis de gramas-bermuda no sudeste dos Estados Unidos, onde foi detectada em 2010.

Pastagem infestada pela mosca em Tietê (SP) (Foto: J. L. Souza)

Danos às plantas

A mosca-da-grama-da-bermuda coloca seus ovos nas plantas e, quando eles eclodem, as larvas se alimentam dos perfilhos (brotações) da pastagem. “A morte das folhas apicais de perfilhos infestados é decorrente do dano no tecido vascular, que conduz a uma redução significativa no crescimento das plantas, diminuindo a produção de biomassa de forragem em áreas já estabelecidas e dificultando o estabelecimento de novas áreas com espécies vegetais hospedeiras do inseto-praga”, descreve o pesquisador da Epagri.

Segundo Leandro, para monitorar a mosca-da-grama-bermuda é preciso estar atento à ocorrência de perfilhos danificados que contenham no interior larvas ou vestígios da alimentação delas. Já a captura de adultos pode ser realizada com rede de varredura, por meio de movimentos pendulares rentes ao chão. “Por se tratar de uma espécie exótica para o Brasil, os métodos de controle ainda não foram estabelecidos. Além disso, até o momento não foi realizado o registro emergencial de inseticidas para supressão ou manejo dessa praga”, alerta o entomologista.

Os cultivares de pastagem atacados pela mosca-da-grama-bermuda são amplamente utilizados em todas as regiões de Santa Catarina por conta de sua produtividade e adaptação às condições de clima e solo do Estado. Estima-se que cultivares de grama-bermuda sejam utilizados em pelo menos 70% das propriedades produtoras de leite do Estado.

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