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Macroalgas devem se tornar fonte de renda para os catarinenses

Espécie Kappaphycus alvarezii é matéria-prima para extração de carragenana, usada como espessante na indústria (Foto: Cedap/Epagri)

Nem só de mexilhões, ostras e vieiras viverão os maricultores catarinenses daqui a quatro ou cinco anos. Pesquisas realizadas em parceria entre a Epagri e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) já comprovaram a viabilidade técnica, ambiental e econômica do cultivo da alga vermelha Kappaphycus alvarezii no litoral do Estado. A proposta é integrar esse cultivo ao de moluscos, aumentando o emprego e o lucro nas fazendas marinhas.

Essa macroalga tem grande importância comercial por ser a principal matéria-prima para extração de carragenana, aditivo semelhante a uma gelatina empregado como espessante e estabilizante nas indústrias alimentícia, de cosméticos e farmacêutica. Em 2014, o Brasil importou US$21 milhões em carragenana. Hoje, apenas o Rio de Janeiro possui cultivo comercial. A ideia é que o País passe de importador a exportador desse produto.

Em oito anos de estudo, os pesquisadores desenvolveram a tecnologia de cultivo para a espécie no Estado. Eles recomendam o cultivo integrado com moluscos para baratear os custos de produção. “O maricultor não precisa colocar nenhuma outra estrutura na água para cultivar as algas. Ele aproveita os longlines que já são usados no cultivo de moluscos”, explica Alex Alves dos Santos, pesquisador da Epagri no Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca (Cedap).

O ciclo de cultivo da macroalga varia de 30 a 70 dias no Sul do Brasil, dependendo da temperatura da água. “Já obtivemos três ciclos de cultivo por ano em Florianópolis, porém, acreditamos que poderemos atingir até quatro ou cinco ciclos quando o manejo for melhorado”, revela Alex. Ele explica que em três ciclos é possível obter 24t/ha de alga seca no ano; em cinco, a produção pode alcançar 40t/ha/ano. O quilo da alga seca é vendido a cerca de US$1,50.

Agora, os pesquisadores estão trabalhando na mecanização do manejo. Isso porque o cultivo da alga em todo o mundo é feito, tradicionalmente, de forma artesanal, com mão de obra das comunidades litorâneas. “Há necessidade de mecanizar os procedimentos de plantio e colheita para reduzir a mão-de-obra, principal componente que eleva os custos de produção. Além disso, há necessidade de humanizar os cultivos marinhos, diminuindo o esforço físico, as lesões por sobrecarga e por esforço repetitivo”, diz o pesquisador.

O cultivo da Kappaphycus alvarezii é feito a partir de pedaços de talo colocados em redes tubulares sustentadas por flutuadores. Para se desenvolver, as algas absorvem nutrientes da água e luz solar. Essa capacidade de absorção de nutrientes auxilia na despoluição dos mares que recebem esgoto doméstico e industrial. A expectativa é melhorar a qualidade da água com a retirada do excesso desses nutrientes.

Os estados de São Paulo e Rio de Janeiro têm autorização para o cultivo comercial da alga, que é originária das Filipinas e considerada espécie introduzida no País. Porém, a Epagri e a UFSC ainda estão em busca dessa autorização para poder começar a repassar a tecnologia aos produtores. “Essa alga é cultivada no Brasil há mais de 20 anos e nunca apresentou problemas ambientais”, ressalta Alex.

Técnica de cultivo inédita recebe prêmio nacional

 Pesquisadores da Epagri desenvolveram um sistema de cultivo para a Kappaphycus alvarezii capaz de diminuir os custos de produção. A pesquisa foi premiada no Congresso Brasileiro de Aquicultura e Biologia Aquática (Aquaciência), realizado em Belo Horizonte no ano passado.

Os pesquisadores perceberam que o cultivo tradicional, feito no sistema de balsas (com cordas e canos de PVC) demandava muito manejo, pois os canos quebravam frequentemente. Então eles desenvolveram flutuadores longitudinais, de 9m de comprimento e 90 litros de volume, para dar mais estabilidade às balsas de cultivo, manter a distância entre os cabos de sustentação e diminuir os custos com conserto das estruturas.
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