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BLOG-Epagri

Imagens de satélite mostram que alargamento da praia em Balneário Camboriú resultou em duas horas a mais de sol, em média

O alargamento da praia central de Balneário Camboriú resultou numa média de duas horas a mais de sol na faixa de areia, dependendo da época do ano. A praia ganhou 43 mil metros quadrados de areia e aproximadamente 60 metros de largura.

Dados de modelagem mostram sombra das construções na praia durante o verão (Imagens de satélite WorldView-3)

As conclusões foram tomadas após análise de imagens geradas pelo satélite WorldView-3, que fornece imagens para a plataforma Google Earth. A avaliação é de Kleber Trabaquini, pesquisador da Epagri/Ciram e doutor em sensoriamento remoto. “Caso o município queira continuar na lista do ranking de arranha-céus, com a construção de prédios cada vez mais altos, nem as obras de alargamento serão suficientes para o não sombreamento da praia”, alerta o pesquisador.

Kleber explica que, através de dados de modelagem, é possível observar a sombra das construções para o verão na praia central de Balneário Camboriú, antes e depois do alargamento. Ele relata que quando se toma por referência a praia antes do alargamento, as sombras dos prédios, que já começam a ser projetadas às 14h, ocupavam grande parte da praia às 16h.

Alargamento aumentou faixa de areia em 2,7 vezes

Após o alargamento, observa-se que houve um ganho de algumas horas de insolação, dependendo da localização. “Às 15 horas, por exemplo, existem locais que, mesmo com o alargamento, ficam tomados pelas sombras”, esclarece o pesquisador. Ele acrescenta que a análise foi realizada levando em consideração o período de verão, quando o sol está mais a pino. Já nas estações de outono e inverno, quando o ângulo de incidência solar é menor, estas mesmas sombras ocorrem mais cedo.

A faixa de areia da praia central de Balneário Camboriú contava com uma área de 25 mil metros quadrados e foi ampliada para 68 mil metros quadrados, o que implica em um acréscimo de 43 mil metros quadrados. “Em medições realizadas através das imagens de satélite, é possível identificar que a faixa de areia atualmente representa uma área 2,7 vezes maior que a anterior”, calcula Kleber.

Diferenças

Ele descreve que, em algumas áreas da praia, a largura da faixa de areia passou de 30 para 120 metros, ou seja, uma diferença de 90 metros. Dados do marégrafo da Epagri localizado na enseada das Laranjeiras, em Balneário Camboriú, mostram que, na data da imagem de 2022, o nível do mar estava 46 cm mais baixo em relação à imagem de 2021. Assim, o pesquisador fez uma correção da diferença de maré entre as duas datas e, adotando uma inclinação (declividade) média da praia em 2022 de 1/65, concluiu que a diferença real na largura média da faixa de areia na praia central é de aproximadamente 60 metros. 

Em algumas áreas da praia, a largura da faixa de areia passou de 30 para 120 metros

O pesquisador também avaliou imagens do WorldView captadas em 2004 na região da Barra Sul, que mostram poucas construções prediais. Já na imagem de 2021 é possível observar uma alta concentração de prédios de mais de 150 metros de altura junto à faixa de areia. “As sombras dos prédios, que nas imagens se mostram projetadas na direção oposta à praia devido ao horário de passagem do satélite, às 10:30h, podem ser também projetadas para a faixa de areia da praia.

Carlos Eduardo Salles de Araujo, oceanógrafo e pesquisador da Epagri/Ciram, destaca outras consequências da obra. Um dos resultados é a formação de mais bancos de areia no mar, além da alteração das correntes litorâneas, que se tornaram mais frequentes e intensas. As ondas também passaram a quebrar com mais força devido à alteração do perfil de praia. “A combinação desses fatores com o esperado aumento do número de banhistas devido ao alargamento da faixa de areia, deve demandar mais atenção dos bombeiros no serviço de salva-vidas, especialmente nos finais de semana e feriados prolongados”, conclui.

Imagens captadas em 2004 mostram poucas construções prediais na comparação com 2021

Informações e entrevistas
Kleber Trabaquini, pesquisador da Epagri/Ciram, pelo fone (48) 3665-5121

Informações para a imprensa
Gisele Dias, jornalista
(48) 3665-5147 / 99989-2992

Conheça a tecnologia da Epagri/Ciram que utiliza satélites para obtenção de dados nas lavouras catarinenses:

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