Aconteceu entre os dias 11 e 13 de julho, a tradicional feira de mudas de Chapecó. Realizada duas vezes ao ano, pela Secretaria da Agricultura e Pesca do município, a feira tem como foco a venda de mudas de árvores frutíferas, além de flores, plantas ornamentais, aromáticas e medicinais, produtos coloniais e artesanato.
A Epagri esteve presente no evento, ao lado da Secretaria da Agricultura e Pesca de Chapecó e da Cidasc. “Estamos aqui para orientar sobre práticas de plantio, condução, poda, cultivo, fertilidade, cuidados em geral. Além disso, buscamos incentivar que mais pessoas se dediquem à fruticultura comercialmente”, afirma o extensionista da Epagri, Valter Fedatto.

Na tenda compartilhada pelos três órgãos, os visitantes puderam tirar dúvidas, receber orientações técnicas sobre o manejo e levar para casa sementes destinadas às hortas domésticas, que integram o programa Horta Familiar. “A distribuição de sementes gera interesse e faz com que pessoal se aproxime para conhecer o nosso trabalho”, relata Milton César Coldebella, engenheiro-agrônomo da Secretaria da Agricultura e Pesca de Chapecó. Segundo ele, as dúvidas mais recorrentes se referem ao manejo fitossanitário. Milton destaca que o diálogo é importante para garantir que as mudas compradas durante a feira alcancem o seu potencial produtivo.
No mesmo sentido, Valter Fedatto aponta que as dúvidas mais recorrentes estão relacionadas aos tratos culturais. Ele observa que “a pessoa às vezes tem uma planta no quintal de casa que por algum motivo está com problema, pode ser uma praga, uma doença, ou mesmo, algum problema no desenvolvimento. Então, nós fornecemos indicações técnicas e apontamos alternativas com receitas caseiras, já que na cidade não é permitido o uso de agrotóxicos”.
Cuidados com o Greening
Depois que casos de greening, também conhecido como amarelão dos citros, foram detectados no Oeste de Santa Catarina, o Estado passou a orientar que produtores e a comunidade em geral redobrem os cuidados ao adquirir mudas de plantas cítricas. “As mudas comercializadas durante a feira possuem certificação, são plantas de qualidade”, enfatiza Milton César Coldebella.
O engenheiro-agrônomo da Cidasc, Diogo Antonio Deoti, explica que o público da feira é formado majoritariamente por pessoas que buscam espécies para serem plantadas em áreas urbanas. Por isso, é necessário reforçar os cuidados, como a compra de mudas sadias e com procedência, além de repassar informações quanto aos sintomas da doença. “Elaboramos um material informativo listando alguns dos sintomas do greening, que incluem deformação dos frutos, sementes abortadas, amarelamento de galhos, manchas difusas e, em algumas espécies, gosto salgado nos frutos”.
No Estado, o monitoramento da doença é contínuo e inclui buscas ativas e armadilhas para captura do inseto vetor. Diogo revela que devido às baixas temperaturas, poucos insetos têm sido encontrados. O inverno mais rigoroso faz com que a transmissão do greening seja mais lenta. Por este motivo, ele acredita que Santa Catarina pode conviver sem grandes prejuízos causados pela doença, desde que o acompanhamento e o manejo correto sejam realizados. O agrônomo salienta que diante de casos suspeitos de greening, a Cidasc deve ser comunicada.
Agricultura familiar presente
O produtor de frutas Miguel Caseiro Bucoski, que possui certificado agroecológico, trouxe para a feira algumas variedades de banana, ovos, açúcar mascavo, frutas cítricas, como limão, tangerina e laranja champanhe, além do caraguatá. Conhecida por suas propriedades medicinais, esta planta da família das bromélias chama a atenção dos visitantes. “Tem muitos que não conhecem, é bom para doenças respiratórias como bronquite e asma. Faz tanto sucesso que já vendi até para pessoas de Brasília”, expressa o agricultor.

Milton, que participa de cursos, reuniões e recebe assistência técnica da Epagri, revela que nos últimos anos têm tentado se dedicar mais à produção de frutas cítricas: “aqui em Chapecó tem muita procura”.
A Associação de Apicultores e Meliponicultores de Quilombo (AAMQ), que também recebe assistência técnica da Epagri, esteve presente na feira. O presidente da associação, Julcemar Toazza, conta que a AAMQ foi fundada em 1992 e possui 40 famílias associadas. Atualmente seus produtos são distribuídos para vários estados do Brasil, vendidos a granel e em feiras, supermercados, padarias e na rede hoteleira. Segundo ele, a participação em feiras é uma forma de aproximar os consumidores dos produtores, oferecendo produtos de qualidade a um preço acessível. Julcemar avalia que “Santa Catarina deu um grande salto na qualidade, no acompanhamento técnico e em toda a cadeia produtiva graças ao trabalho da Epagri”.
A pŕoxima edição da feira de mudas está prevista para o mês de setembro.
Por: Karin Helena Antunes de Moraes, jornalista bolsista Epagri/Fapesc