Pular para o conteúdo

BLOG-Epagri

Epagri apresenta pesquisas na área de bioinsumos durante o Tec Agro

A Epagri marcou presença no Tec Agro 2025, realizado nos dias 10 e 11 de junho em Chapecó. O evento, um dos mais importantes do Sul do Brasil, apresenta soluções inovadoras e tecnológicas para o agronegócio e congrega profissionais que atuam na cadeia produtiva, pesquisadores e estudantes interessados em temas relacionados ao agro. 

Leandro do Prado Ribeiro falou sobre o uso de fungos como bioinsumos, iniciados há mais de uma década (Fotos: Karin Helena Antunes de Moraes / Epagri)

Na edição deste ano, o Tec Agro dedicou, pela primeira vez, uma área exclusiva para a agricultura sustentável, onde foram apresentadas e discutidas soluções para a produção de alimentos de forma mais saudável. Deste modo, os bioinsumos foram o destaque do “INOVABIO SC – O futuro dos bioinsumos começa agora”, seminário que reuniu os pesquisadores da Epagri, que compartilharam avanços e novidades do setor em busca de uma agricultura mais sustentável, abordando os seguintes temas.

Plantas de cobertura para o manejo sustentável do solo

Segundo o pesquisador Leandro do Prado Wildner, existe no momento uma discussão conceitual sobre a classificação das plantas de cobertura como insumos ou bioinsumos. Leandro defende que elas seriam um “bioinsumo, cuja prática é simples, mas carregada de complexidade e interações. Uma prática antiga, com um futuro altamente promissor”, reflete.

Em sua fala, ele apresentou uma síntese do trabalho realizado pela Epagri ao longo dos anos. O pesquisador explica que nos anos 1960 e 1970, quando se intensificou a produção agrícola, um dos principais problemas enfrentados pelos produtores era a erosão. Por este motivo, as plantas de cobertura, então chamadas “adubos verdes”, se tornaram uma ferramenta importante para o controle do desgaste das lavouras. No decorrer do tempo, percebeu-se que elas atuavam de maneira integrada, protegendo o solo e a água, melhorando o desenvolvimento das plantas, corrigindo e servindo de alimento para os animais. 

Na década de 1980 a Epagri iniciou um projeto de catalogação das melhores espécies para serem utilizadas em cada região de Santa Catarina, considerando fatores como condições climáticas e do solo. Este trabalho deu origem ao livro Plantas para adubação verde e cobertura do solo, publicado em 2023, que pode ser acessado gratuitamente. 

Uso de dejetos líquidos de suínos no ambiente e resposta das plantas

As regiões Meio-Oeste, Extremo-Oeste e Oeste são as maiores produtoras de suínos de Santa Catarina. Historicamente, o tratamento dos dejetos é tema de discussões que visam diminuir os impactos ambientais da suinocultura, preservando, principalmente, os recursos hídricos. 

Deste modo, o manejo e aplicação dos resíduos têm sido pesquisados há alguns anos, aliando preservação ambiental e resultados positivos na produtividade do solo e das plantas. O pesquisador Ivan Tadeu Baldissera, ressaltou que além da demanda por uma agricultura mais sustentável, existe também uma pressão do mercado para que os dejetos sejam corretamente tratados. Segundo ele, os agricultores catarinenses abraçaram a visão ambientalista e são um exemplo porque “procuram produzir, construir e conservar para as novas gerações”, afirma. 

Multifuncionalidades do controle biológico em sistemas de produção de alimentos

O pesquisador Leandro do Prado Ribeiro apresentou os resultados de uma série de estudos realizados pela Epagri desde 2014, voltados para o combate de um problema regional: as pragas em pastagens. Ele explica que naquele momento ainda não haviam sido desenvolvidas alternativas biológicas para o manejo das pastagens e por isso, foi realizado um projeto de prospecção de fungos que fossem efetivos no controle da cigarrinha. Foram percorridas várias localidades do Estado para coletar amostras de solo e extrair microorganismos que serviram de base para os bioinsumos.

Os testes iniciais observaram os efeitos destes concentrados em sua ação como bioinseticidas, auxiliando no controle das pragas. Posteriormente, em 2017, foi verificado que seus benefícios vão muito além disso, proporcionando ganhos adicionais, como a expansão das raízes, favorecendo a nutrição, impulsionando o desenvolvimento e fortalecendo a defesa das plantas.

Atualmente a Epagri conta com um banco de fungos que gera aproximadamente 80 agentes de controle biológico, aplicáveis aos diferentes tipos de solo e clima de Santa Catarina. 

Pesquisadores da Epagri, João Wordell Filho, Leandro do Prado Ribeiro, Ivan Tadeu Baldissera e Leandro do Prado Wilder conduziram o seminário sobre bioinsumos

Manejo integrado das doenças do trigo

Outro trabalho desenvolvido pela Epagri na área de bioinsumos foi apresentado pelo pesquisador João Américo Wordell Filho, que falou sobre o uso de algas no controle das principais doenças da cultura do trigo. 

Ele explica que o principal objetivo do trabalho foi encontrar alternativas para o controle químico da Giberela, uma das doenças mais graves que afetam o trigo. Até então, a proteção era realizada principalmente com Carbendazim, fungicida que foi proibido no Brasil, em 2022. Deste modo, o uso de algas como ferramenta adicional no manejo de lavouras tem se mostrado bastante promissor. João Wordell afirma que “as algas podem corrigir pequenas falhas no processo de melhoramento genético, aumentar a resistência da planta a uma série de doenças e pragas. Além disso, também atuam como biofertilizantes, bioestimulantes e biocontrole”. 

O pesquisador destaca que os estudos e a comercialização de bioinsumos à base de algas contribuem para o manejo integrado das doenças do trigo, potencializando a ação dos agentes químicos. 

Ao final das apresentações, houve um mesa-redonda, conduzida pelo gerente da Epagri/Cepaf, Vagner Miranda Portes, na qual o público pôde tirar dúvidas ou solicitar mais informações a respeito dos temas expostos no seminário.  

Por: Karin Helena Antunes de Moraes, jornalista bolsista na Epagri/Fapesc

Ir para o conteúdo