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BLOG-Epagri

Egressa de curso da Epagri encontrou no artesanato um caminho para empreender e valorizar raízes

Criatividade e persistência marcam a trajetória da agricultora e artesã Márcia Lutinski Tombini. Natural de Aratiba, no Rio Grande do Sul, se mudou para Chapecó depois do casamento com o operário de campo da Epagri Alisson Steffen Tombini. Como sempre viveu no campo, Márcia sonhava com o momento em que poderia viver novamente no meio rural. Depois de passar alguns anos pagando aluguel na cidade, ela e o marido adquiriram uma chácara, onde plantam alimentos para autoconsumo, como feijão, mandioca, milho e hortaliças. Essa mudança, somada à necessidade de cuidados com a filha, fez com que ela buscasse uma fonte de renda que lhe permitisse trabalhar em sua propriedade.

Um tutorial de fabricação de vasos enviado pela tia era o que ela precisava para dar início ao seu projeto. Ela relembra que os primeiros passos não foram fáceis, principalmente, porque a massa, feita à base de cimento e materiais recicláveis como garrafas PET e isopor, não ganhava consistência. “Fiz vários testes até chegar no ponto correto para poder impermeabilizar, mas até lá, gastei uns três sacos de cimento”, brinca. O primeiro vaso que vendeu foi adquirido pela vizinha, Raquele, que ajudou a divulgar o produto, atraindo novos interessados. 

A produção de vasos proporcionou a Márcia independência e a chance de permanecer próxima da filha (Foto: Helena Moraes / Epagri)

Um marco decisivo para a consolidação de seu empreendimento ocorreu quando conheceu a extensionista social da Epagri, Josefina Nunes de Carvalho. Foi ela quem a incentivou e convidou para participar de capacitações voltadas à integração na Rota de Turismo Rural de Chapecó. A partir daí, Márcia passou a participar de cursos e oficinas promovidos pela Epagri, pelo Sebrae e pela prefeitura, além de marcar presença nas feiras dedicadas ao turismo rural da região. Durante as feiras, conheceu o grupo de artesãs do município e também a diretora de cultura da Fundação Cultural de Chapecó, Silvia Baggio, que sugeriu que ela fizesse a carteirinha de artesã. Esse processo foi fundamental para que ela pudesse estruturar melhor seu trabalho e ampliar a diversidade de produtos oferecidos em seu espaço, o Jardim de Fundamento.

O nome do local, explica Márcia, surgiu do desejo de homenagear àqueles que vivem e viveram da agricultura “é uma forma de valorizar o meio rural, o trabalho e os seus elementos”. Essa valorização se materializa nas miniaturas em madeira e nas floreiras criadas pelo marido, Alisson, em formatos que remetem às trilhadeiras, carroças e carriolas tão presentes na vida no campo. Já nas delicadas criações em biscuit de Márcia, usadas para adornar o mate, surgem galos, galinhas, hortaliças, juntas de bois e outros símbolos da agricultura. Localizado na Linha Cabeceira da Divisa, o Jardim de Fundamento integra a Rota Rural de Chapecó e abriga o ateliê, onde ela expõe e comercializa vasos e suculentas. As visitas são realizadas mediante agendamento prévio pelo Instagram.

Florescendo com criatividade

Para organizar e fortalecer seu empreendimento, em 2023 ela participou do curso Flor-e-Ser, da Epagri, voltado ao desenvolvimento de competências essenciais para mulheres rurais, como gestão, empreendedorismo e liderança. Márcia destaca que a experiência foi muito especial porque a ajudou a olhar para a propriedade com outros olhos, enxergando mais oportunidades para crescer e se aprimorar. “Recebi um apoio muito valioso. Aprendemos muito e foi enriquecedor ouvir e conviver com outras agricultoras, que dividiram suas histórias, desafios e emoções”.

No ano seguinte, passou a fazer parte da Vila do Artesanato, um espaço instalado no Ecoparque, voltado à valorização das peças produzidas pelos artesãos de Chapecó. Com isso, seu trabalho ganhou ainda mais força, participando de diversas feiras e eventos como a Efapi. Diante dessa visibilidade, buscou novos produtos para diversificar a produção. Foi nesse momento que começou a confeccionar a peteca, brinquedo de origem indígena amplamente conhecido, principalmente entre os mais velhos. “As avós que passam aqui às vezes levam três, quatro para dar de presente para os netos. O pessoal gostou muito”, diz. 

Artesã incorpora referências do universo rural às suas criações

Outra inovação, os suportes de vaso em macramê, surgiu com a ajuda de Josefina. “Comentei com a Josefina que queria fazer suportes para pendurar os vasos. Foi então que ela sugeriu que os fizesse em macramê. Está dando super certo, as pessoas adoram, tenho vendido bastante”. A extensionista da Epagri, por sua vez, destaca que Márcia é uma pessoa muito dinâmica e criativa: “Ensinei alguns modelos e ela rapidamente pegou o jeito. Logo já me enviava fotos dos suportes que produzia, muitos deles com variações próprias, demonstrando iniciativa e criatividade para dar mais personalidade às suas criações”, observa. 

Ao refletir sobre o caminho percorrido, Márcia diz que, apesar de todas as dificuldades, sempre confiou que chegaria aonde chegou. “Acredito muito no meu potencial. Além disso, encontrei pessoas maravilhosas que me ajudaram, me deram apoio e isso me deu muita força para seguir. No curso Flor-e-Ser encontrei uma luz que me mostrou tudo o que eu podia realizar”, afirma. Para o futuro, a artesã pretende seguir aprendendo e inovando. Ela conta que tem muita vontade de conhecer novas técnicas para o uso da palha de milho e de fibras naturais, como bambu e bananeira, ampliando ainda mais a diversidade de suas criações. Planeja também implantar uma trilha ecológica em sua propriedade, oferecendo aos visitantes uma experiência diferenciada de contato com a natureza e com o universo rural que tanto inspira o seu trabalho.

Por: Karin Helena Antunes de Moraes, jornalista bolsista Epagri/Fapesc

Informações para a imprensa
Isabela Schwengber, assessora de Comunicação da Epagri
(48) 3665-5407 / 99161-6596

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