Diminuir o percentual de perdas da safra sempre foi um desafio para produtores, que não tinham outra alternativa a não ser fazer o descarte do excedente. Para evitar o desperdício e agregar valor, uma solução é transformar os vegetais in natura em versões desidratadas, que podem ser utilizados como temperos, chás e petiscos saudáveis. Para capacitar agricultores do litoral norte do Estado foi realizado, nos dias 7 e 8 de agosto, o primeiro curso de desidratação de vegetais no Centro de Treinamento da Epagri em Joinville (Cetreville).

O Cetreville conta com um Centro de Processamento de Vegetais (CPV), equipado com maquinário para processamento de alimentos e desenvolvimento de produtos. Os recursos para a compra de parte dos equipamentos são provenientes de um convênio com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). O curso foi ministrado pelo engenheiro de alimentos e extensionista rural da Epagri, Henrique Rett.
No curso foram selecionados e higienizados matérias-primas como raízes (açafrão da terra, beterraba e cenoura), folhosos (manjericão, salsinha, cebolinha e ora-pro-nóbis), além de frutas (tomate, maçã, abacaxi, banana e mamão). Cada alimento tem um tempo próprio para ser desidratado. Os temperos são obtidos mais rapidamente (2h), mas a banana passa, por ter mais massa, fica 20h na desidratadora. Participaram da capacitação 15 agricultores de Penha, Guaramirim, Itapoá, Balneário Barra do Sul e Joinville.

Tutoriais de internet passam informações equivocadas
Uma das participantes era Patrícia Aparecida da Silva, que planta açafrão da terra (cúrcuma) em sociedade com um vizinho, em Itapoá. Ela queria aprender a forma correta de desidratar, já que, até agora, só tinha visto vídeos com tutoriais na internet, a maioria utilizando air fryer. Outra produtora que utilizava métodos caseiros era Mariane Oechsler, que secava os vegetais no forno, e agora pretende investir no plantio de açafrão no sítio em em Massaranduba. “Estamos ensaiando a transição total do urbano para o rural. Os cursos na Epagri auxiliam para clarear as possibilidades de renda e subsistência”, elogiou.

Henrique explica que os métodos caseiros até podem ser utilizados se os alimentos forem para consumo próprio, mas para serem comercializados, é preciso seguir uma série de parâmetros, como tempo, temperatura, além de equipamentos adequados, como a centrífuga que garante que os vegetais estejam sequinhos antes de serem desidratados. “A umidade do local também interfere no tempo em que cada alimento fica na desidratadora, como Joinville é uma cidade mais úmida, demora mais”, acrescenta.
Também compareceram à capacitação profissionais da gastronomia, como Laura Rodrigues dos Santos, de Penha, que tem uma desidratadora doméstica. Ela é professora de culinária há 30 anos e desde 1994, não perde um curso no Cetreville e no Centro de Treinamento da Epagri em Itajaí (Cetrei). “Comecei com a filetagem de pescado e não parei mais. Fiz o da pitaia, arroz, panificação nutracêutica, acho que foram 159 cursos”, enumera. Desta vez, ela veio aprender como aprimorar a técnica da desidratação para compartilhar com seus alunos.

Por Renata Rosa, jornalista bolsista da Epagri/Fapesc
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