Um estudo comparativo entre os modos de produção de citros em Portugal, Brasil e Guiné-Bissau trouxe o jovem Amara Bangura à Epagri, em Itajaí, na primeira quinzena de junho. Durante 10 dias, ele conheceu as técnicas de melhoramento genético, a diversidade do banco de germoplasma, que é referência no Estado, além de visitar produtores e viveiristas de citros no Litoral e Alto Vale do Itajaí, sob orientação da engenheira-agrônoma e pesquisadora da Epagri Luana Castilho Maro.

Amara está no último ano de mestrado do Instituto Politécnico de Beja, em Portugal, e veio à Santa Catarina através do Projeto Lidere de mobilidade acadêmica. No Brasil, ele optou por fazer o estudo no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), em Lages, onde está desde março e fica até julho. Foi lá que a pesquisadora da Estação Experimental da Epagri em Itajaí (EEI) foi recomendada para orientar o jovem. “A professora Luciana Costa disse que ninguém entendia mais de citros em Santa Catarina do que a Luana”, elogiou.
No dia 11, Amara conheceu o trabalho desenvolvido na UDESC de Joinville para melhorar a germinação da semente de citrus no projeto Porta-Enxertos. No dia seguinte, eles foram à Tijucas conhecer um dos maiores produtores de tangerina do Estado, Anderson Betinelli. E no dia 13, a dupla foi até Rio do Oeste, no Alto Vale, visitar a produção de mudas do Viveiro Depiné, de Barbara Vasselai Depiné, um caso de sucesso em sucessão familiar. Ele também aplicou questionários em produtores de Celso Ramos e Anita Garibaldi.
Avanço das pesquisas em produção de mudas de qualidade impressionou estudante
Amara conta que na Guiné-Bissau não é comum produzir citros a partir de mudas, e sim com sementes. Ele relata ainda que existe apenas uma variedade comercial de laranja. Seu interesse em estudar citros se deve ao fato da fruta estar perdendo espaço para o caju. A produção de castanha de caju é responsável por 70% da renda de agricultores do país, segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Principalmente porque o cajueiro produz em apenas dois anos, enquanto o pé de laranja leva de oito a 10 anos.

Luana explica que é justamente para reduzir o tempo que a planta leva para produzir que foram desenvolvidas técnicas como o flying dragon, um tipo de porta-enxerto que também diminui o porte das plantas para facilitar a colheita, tem boa resistência ao frio e é ideal para pomares adensados. “No ano que vem, comemoramos 50 anos de pesquisa sobre a técnica na Epagri em Itajaí, que tem capacidade para produzir 200 mil matrizes e mudas de segunda e terceira geração, que abastece viveiristas de todo o Estado”, acrescenta Luana.
Em Itajaí, Amara também aproveitou para conhecer o Mercado do Peixe e levou para Lages uma boa quantidade de tainha, aproveitando a safra e o preço baixo. Ele conta que a alimentação em seu país é à base de peixe, e em Lages tem dificuldade em encontrar o produto fresco. Sobre o que aprendeu durante a temporada itajaiense, ele destaca o avanço das pesquisas na produção de citros. “Ampliou meus horizontes e espero levar estes conhecimentos para minha aldeia, onde pretendo também produzir laranjas”, revelou.
Por: Renata Rosa, jornalista bolsista da Epagri/Fapesc
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