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BLOG-Epagri

18 de agosto, dia do maricultor: veja como essa profissão transformou a economia de Santa Catarina

Desde 2010 Florianópolis tem em seu calendário comemorativo o dia do maricultor, profissional que faz de Santa Catarina ser responsável por cerca de 95% da produção nacional de moluscos, segundo dados do IBGE. De acordo com o Centro de Desenvolvimento em Aquicultura e Pesca da Epagri (Epagri/Cedap), o estado conta com 356 maricultores, que geram cerca de 1.500 empregos diretos no processo produtivo.

SC conta com 356 maricultores, que geram cerca de 1.500 empregos diretos no processo produtivo (Foto: Aires Mariga)

No final da década de 1980 a Epagri e a UFSC foram as responsáveis pela introdução da maricultura  em Santa Catarina. Conforme o pesquisador Epagri/Cedap, biólogo Felipe Matarazzo Suplicy, o objetivo era proporcionar uma fonte de renda complementar para pescadores artesanais. 

As duas instituições seguem pesquisando e difundindo tecnologias para o setor até os dias atuais. “Passados quase 45 anos de sua introdução, a atividade está presente em 12 municípios costeiros. Isso tornou Santa Catarina uma referência nacional como maior produtor de moluscos do Brasil”, comemora o pesquisador.

Grande parte dos maricultores já são a segunda geração de fazendeiros do mar que aprenderam o ofício com seus pais, os pioneiros. Este é o caso de Leonardo Cabral Costa, 45, de Florianópolis, um de nossos entrevistados.

Profissão herdada do pai

Leo  cresceu acompanhando o pai Luiz Carlos no cultivo de  mexilhão no bairro Santo Antônio, norte de Florianópolis.  Seu Caio, como é conhecido na região, foi um dos pioneiros no setor em Santa Catarina e deixou o legado para o filho. O jovem maricultor ampliou a atuação na área e hoje também produz ostras e macroalgas e entrou no mercado da gastronomia e do turismo, além de contar com o próprio frigorífico.

Leo herdou a profissão de maricultor do pai, um dos pioneiros na atividade em SC (Foto: arquivo pessoal)

Para chegar nesse patamar, a primeira ação de Léo foi mecanizar todo o sistema produtivo, o que possibilitou a ele otimizar a ocupação da área de 6 hectares. Atualmente a ostra é o principal produto de sua fazenda marinha. No espaço ele consegue produzir de 2 a 3 milhões de unidades de ostras para consumo no próprio restaurante e de 8 a 11 milhões de unidades para engorda em outras fazendas marinhas, para quem ele comercializa.

De acordo com Leo, o restaurante começou como uma petiscaria em 1998 para promover a ostra, já que a iguaria não fazia parte da gastronomia local . “Tivemos que ensinar as pessoas a comer ostra. Naquela época o forte era o consumo do peixe. A ostra era cortesia para que as pessoas conhececem esse fruto do mar”, conta o maricultor, que se diz realizado com a profissão. 

Maricultor por escolha

Já a história de Raulino de Souza Filho com a maricultura começou em 2002, quando ele tinha 32 anos. Natural de Florianópolis, Nino, como é conhecido, desenvolve a atividade no município de Palhoça, a 23 km da capital catarinense. A casa de veraneio da família, no bairro Praia de Fora, deu lugar à empresa que hoje é a maior produtora de mexilhão do país.

Nino se diferencia pela produção mecanizada de mexilhões (Foto: arquivo pessoal)

Quando Nino vislumbrou a possibilidade de entrar na área, procurou a Epagri para se capacitar. Iniciou com o cultivo de ostra e em 2007 migrou para o marisco, que permanece até hoje e produz de 700 a mil toneladas por ano. Há quatro anos também incluiu o cultivo de macroalga.

“Vi que esse caminho era promissor, que a atividade tinha futuro”, diz ele. Ele começou a atividade por um caminho diferenciado, com o sistema produtivo todo mecanizado, o que o faz referência no estado.  “Não conseguiria chegar até aqui sem a Epagri e sem a UFSC. Hoje Santa Catarina é conhecida pela produção de ostras e marisco e eu tenho orgulho de fazer parte dessa história”, revela Nino. O termo marisco é usado no litoral catarinense para se referir ao mexilhão.

Resultados ambientais da atividade

Uma das referências turísticas e culturais de Florianópolis são as rotas gastronômicas que foram criadas com o objetivo valorizar o potencial turístico da Ilha de Santa Catarina e agregar valor à produção de moluscos na região, promovendo a gastronomia local. Segundo o pesquisador Suplicy, por conta desta parceria entre a maricultura e a gastronomia local, Florianópolis se tornou a primeira cidade brasileira a integrar um grupo de 69 cidades da Rede Mundial de Cidades Criativas da Unesco. 

A ostra faz parte do cardápio das rotas gastronômicas de Florianópolis (Foto: Divulgação/Epagri)

Suplicy relata que a maricultura também traz resultados ambientais positivos para Santa Catarina.“O cultivo de algas e moluscos é considerado, por organizações internacionais de preservação ambiental marinha, como uma forma de aquicultura restaurativa. A aquicultura restaurativa ocorre quando a aquicultura comercial ou de subsistência fornece benefícios ecológicos diretos ao meio ambiente, com potencial para gerar resultados ambientais positivos líquidos.”

A maricultura é capaz de remover nutrientes lançados no oceano por outras atividades humanas(Foto: Epagri/Divulgação)

Entre os resultados ambientais positivos da maricultura estão a remoção de nutrientes lançados no oceano por outras atividades humanas, além das fazendas aumentarem a biodiversidade local.

Maricultura em Santa Catarina

De acordo com os dados levantados pela Epagri, a produção catarinense de moluscos na safra de 2021 foi de 11.978,2 toneladas. Estima-se que o setor envolve mais 5 mil postos de trabalho ao longo de toda a cadeia produtiva, desde a produção de equipamentos e insumos até a distribuição e venda para milhares de consumidores finais. 

O mexilhão, chamado de marisco no litoral catarinense, é outra iguaria que atrai turistas para SC (Foto: Aites Mariga/Epagri)

De acordo com o pesquisador Suplicy, para muitos, a maricultura soa como uma profissão glamourosa, na qual o maricultor trabalha em uma fazenda marinha em um dia ensolarado, colhendo iguarias deliciosas. “Na verdade, esses profissionais do mar são pessoas muito perseverantes e resilientes, que encaram um trabalho árduo, muitas vezes em dias de chuva e de mar bravio. Eles enfrentam muitas adversidades como o roubo de moluscos, a poluição marinha, as marés vermelhas. Aliado a tudo isso, também buscam se ajustar às várias normas que regem a ocupação do mar e a produção de alimentos”.

Neste dia 18 de agosto a Epagri homenageia esse produtor rural tão diferenciado e exclusivo de Santa Catarina. Parabéns maricultor pelo seu dia!

Informações para a imprensa: 

Isabela Schwengber, Assessora de comunicação da Epagri (48) 3665-5407/99161-9596

Conheça como funciona o sistema mecanizado de colheita de mexilhões, fruto do mar conhecido como marisco no litoral catarinense.

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