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Alho pode se tornar opção de renda no Alto Vale do Itajaí, em SC

A cultura precisa de frio para formar os bulbos (Foto: Marco Lucini/Epagri)

O alho é uma cultura exigente em frio cujas plantas só formam o bulbo, ou a cabeça, depois de essa necessidade ser atendida. Por isso, as lavouras catarinenses se concentram principalmente em Curitibanos, no Planalto Serrano. No Alto Vale do Itajaí, que é mais quente, ainda não há cultivo de alho com fim comercial por conta dessa exigência. Mas uma experiência da Epagri em parceria com agricultores de Rio do Campo pode mudar esse mapa.

No ano passado, técnicos da Empresa, em parceria com os agricultores Orlando Steinbach e Roberto Jarosz, fizeram o plantio experimental dos cultivares de alho-roxo Ito e São Valentim. Antes de serem plantadas, as sementes passaram por um período de vernalização, ou seja, foram armazenadas em câmara fria para que ocorresse uma brotação uniforme dos dentes e, principalmente, para favorecer a melhor formação do bulbo na maturação.

O plantio foi realizado no dia 22 de julho, depois de um longo período chuvoso. “Mesmo em condições climáticas extremamente adversas para a cultura, a produção se mostrou bastante promissora, com produtividade estimada em 10t/ha”, conta o engenheiro-agrônomo Gilmar Ramos Dalla Maria, extensionista da Epagri no município.

O resultado motivou os técnicos a elaborar um projeto de produção de alhos nobres para o Alto Vale do Itajaí. Neste ano, serão instaladas dez unidades de observação em propriedades rurais da região, utilizando dois cultivares: o Ito, que é precoce, e o Roxo Pérola Caxiense, de produção tardia. Eles serão expostos a temperaturas entre 2°C e 6°C em três durações (25, 35 e 45 dias).

O objetivo desse trabalho será determinar quantas horas de câmara fria serão necessárias para produzir alho em cada microclima da região. “Se no próximo ano os resultados se repetirem, o Alto Vale do Itajaí poderá se tornar um importante produtor de alhos nobres. Essa será uma excelente opção de diversificação de renda para as famílias rurais da região”, diz o extensionista. 

FRIO PARA PRODUZIR

A tecnologia da vernalização consiste em expor as sementes a uma temperatura entre 2°C e 4°C durante um período que varia de 30 a 55 dias, de acordo com a época e o local de cultivo. Essa prática permite antecipar a colheita do alho em regiões frias e promove a bulbificação das plantas nas regiões quentes.

De acordo com Gilmar Michelon Dalla Maria, gerente regional da Epagri em Curitibanos, a vernalização foi adaptada pela Epagri para a produção de alho no planalto do Estado. “Aqui na região, os produtores colocam suas sementes por 10 a 20 dias em câmaras frias para complementar a necessidade de horas frio da cultura, especialmente em função da diminuição do frio natural que vem ocorrendo nos últimos anos”, explica.

É essa tecnologia também que permite aos agricultores do Centro-Oeste do Brasil, onde praticamente não há frio, alcançar as maiores produtividades de alho do País. “Ela viabiliza a produção de alhos nobres em regiões quentes, realidade impensável há pouco tempo”, acrescenta o gerente da Epagri.

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