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BLOG-Epagri

Agricultores do Norte de SC concluem jornada de aprendizado em curso da Epagri

Conquistar a independência financeira ou melhorar o negócio familiar, sem abrir mão da vida no campo, tem levado cada vez mais os filhos de agricultores a buscarem capacitação técnica e inovação tecnológica. É nesta fase inicial da vida adulta que a Epagri tem sido essencial para a formação da nova geração de agricultores, compartilhando conhecimento e fornecendo as ferramentas necessárias para empreender, garantindo sucessão familiar no campo e comida na mesa da população da cidade.

Formandos receberam orientações preciosas na área de gestão e inovação tecnológica para agregar valor aos seus produtos (Fotos: Divulgação/Epagri)

No último dia 4 de dezembro, 19 jovens concluíram sua trajetória de aprendizado do curso de Organização, Gestão e Protagonismo para Jovens Rurais, numa solenidade realizada na sede social da Coopaville, em Joinville. Entre os formandos, agricultores dos municípios de Corupá, Garuva, Guaramirim, Itapoá, Jaraguá do Sul, Massaranduba, São João do Itaperiú, Schroeder e Joinville.

Os formandos Lucas Landmann, 20 anos, de Joinville, e Fernanda Barros Ferreira, 18, de Massaranduba, apresentaram seus planos de negócio nas áreas de hortaliças e produção de ovos caipira. E a apresentação cultural ficou por conta de Eduardo Emilio Uecker, que mostrou seu talento na gaita ao executar um verdadeiro hino da música caipira raiz, “Telefone mudo”, do Trio Parada Dura.

Estavam presentes para prestigiar os formandos seus familiares, representantes do sindicato de trabalhadores rurais e de prefeituras municipais. Recepcionando o público estavam o gerente regional da Epagri em Joinville, Hector Haverroth, a gerente do Centro de Treinamento da Epagri em Joinville (Cetreville), Daniela Nunes, e as coordenadoras do curso, Danielle Danielewski e Joyce Mayumi Shimura, além da líder do Programa Capital Humano e Social, Adriane Mendonça. 

Lucas quer automatizar o processo de embalagem das hortaliças

As medidas para evitar a contaminação durante a pandemia de covid, em 2020, impactaram a vida dos brasileiros muito além do aspecto sanitário. No caso da família Haaak Landmann, de Joinville, produtora de hortaliças, forçou uma mudança radical na forma de produzir e, principalmente, comercializar seus produtos. 

Lucas pretende melhorar a qualidade de vida da família investindo numa ensacadeira de vegetais

Acostumada a vender seus vegetais para mercados e atacadistas, a família teve que bolar uma outra forma de escoar a mercadoria, vendendo diretamente para o público consumidor. A feira montada em frente à propriedade e realizada aos sábados deu tão certo, que já foi ampliada duas vezes, inclusive o pátio de estacionamento, que alcançou capacidade para 70 carros.

“No começo era só um tratorzinho com alguns itens, já separados em porções, porque as pessoas não queriam ter muito contato com os produtos. Depois, colocamos uma barraca ao lado para aumentar a oferta, depois, colocamos uma tenda maior, e agora, temos um galpão rústico e vendemos a produção em redinhas, que virou nossa marca registrada”, revela Lucas, estudante de Engenharia de Produção.

Outra mudança trazida pela nova forma de comercialização foi diversificar a produção, já que numa feira se encontra de tudo um pouco. Lucas conta que o sítio produz mais de 50 tipos de vegetais, entre verduras, legumes e temperos. E quem trabalha na propriedade é apenas a família: o pai Cristiano, a mãe Ivone e ele. “Cuidamos do cultivo nos dias de semana e deixamos o sábado para a venda. Como estamos a 10 minutos do Centro, a população tem comparecido em peso. Temos uma média de 1200 clientes fixos”, comemora. 

Para tornar a atividade mais ágil para a feira, Lucas desenvolveu seu plano de negócio para automatizar a embalagem das hortaliças. É o primeiro passo para a automatização do processo que viabiliza a venda, após a colheita. “Também quero investir em equipamentos para que a embalagem seja padronizada, com rótulo, rastreabilidade e código de barra. Isso vai melhorar a nossa qualidade de vida e deixar nossos produtos mais apresentáveis, para atender o público crescente, sem contratar mão de obra”, revela.

Entre as ferramentas tecnológicas que conheceu durante o curso da Epagri, ele destaca a desidratadora de vegetais, frutas e temperos. “Quando chega o verão, por exemplo, o manjericão cresce muito depressa, e se florescer, perdemos a venda. O Henrique Rett, engenheiro de alimentos, também mostrou como se faz banana passa. Coisas que temos na propriedade e não aproveitamos porque não tínhamos conhecimento”, justifica.

A parceria da família Landmann com a Epagri é de longa data. O pai começou a produzir no sistema de cultivo abrigado em 1998, por orientação dos extensionistas, a fim de diminuir perdas na produção geradas por fungos, já que Joinville é uma cidade bastante úmida. Também foi por recomendação da Epagri que passaram a usar os métodos hidropônico e semi-hidropônico, e mais recentemente, passaram a fazer o controle biológico de pragas. Atualmente, o sítio tem 28 estufas.

Garantir autonomia financeira é o sonho da futura agrônoma Fernanda

Fernanda seguiu os passos da mãe para aprimorar a produção de ovos caipira em Massaranduba

Também foi por causa da pandemia que o destino da família Barros Ferreira mudou radicalmente. Fabiana e o marido Robertson trabalhavam no setor administrativo de um hospital no Paraná quando decidiram se mudar para Santa Catarina com as filhas Fernanda e Júlia. Com a intenção de investir em produção orgânica, compraram terras no município de Massaranduba, onde produzem mel, hortaliças e ovos caipiras, na Fazendinha Guarapuvu, desde 2022. 

Em 2025, Fabiana fez o curso Flor-E-Ser na Epagri, em Itajaí, para montar um entreposto de seleção dos ovos. Agora, é a filha Fernanda, 18, que entrou para o curso Jovens Rurais determinada a investir no negócio familiar e construir um galpão maior para aumentar o plantel de aves e armazenar a ração. “Quando pudermos aumentar a produção e ter mais retorno financeiro, quero garantir uma renda mensal de três salários mínimos para ter independência financeira”, aposta.

Fernanda, conta que, apesar da família não ter a mesma vivência no campo como a maioria dos colegas, não é menor o gosto deles pela atividade agrícola, realizada no sistema orgânico, sem uso de agrotóxicos. “Os meus avós paternos tinham sítio e meu pai sempre nos passou esse amor pela natureza, por isso quero fazer Agronomia, para entender melhor como identificar o que a planta e os animais precisam. E continuar produzindo da forma mais natural possível”, relata. Fernanda pretende ingressar no IFC, de Rio do Sul, em 2026.

O que ela mais gostou no curso da Epagri foi conhecer novas variedades de vegetais, fazer a gestão da propriedade rural e como melhorar a comercialização para o consumidor final. “Às vezes, a pessoa acha que pode fazer tudo do seu jeito, sem ter um padrão, um planejamento, achando que está lucrando, mas na realidade está tendo prejuízo”, conclui.

Por: Renata Rosa, jornalista bolsista da Epagri/Fapesc 

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