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50 anos de pesquisa: Epagri quer tirar pecuária do papel de vilã do aquecimento global

A pecuária catarinense contribui bem menos com o aquecimento global do que aponta o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), ligado às Nações Unidas (ONU) e utilizado como referência mundial em emissões. É o que indica o Pecuária ConSCiente Carbono Zero, projeto em desenvolvimento na Epagri. A empresa está comemorando 50 anos da pesquisa agropecuária em 2025.

Pesquisa da Epagri mostra que pecuária catarinense à base de pasto é sustentável (Foto: Divulgação/Epagri)

O inventário de emissões da Epagri estima que a criação local de bovinos emite em torno de 20 a 30% menos óxido nitroso (provenientes de fezes e urina dos animais) e de 8 a 9% de metano entérico (produzido pela digestão dos bovinos e ovinos). 

O pesquisador Tiago Celso Baldissera, engenheiro-agrônomo da Estação Experimental de Lages e coordenador do Pecuária Carbono Zero, explica que os dados do painel da ONU são gerados em escala global e com condições de clima e solo distintos. Desta forma, não levam em conta as particularidades dos sistemas locais de pecuária. 

Em Santa Catarina, há predominância de sistemas de manejo baseados em pastagens, já consolidados pelo trabalho de pesquisa e extensão rural da Epagri. Entre outros benefícios, os sistemas de pastagens fixam carbono no solo e trazem mais qualidade à dieta dos animais, emitindo menos gás metano. 

De vilã a carbono zero

Como o nome já diz, o projeto da Epagri quer transformar a produção bovina de carne e leite em uma atividade livre de emissões. A solução passa por um conjunto de práticas de manejo na pecuária com alimentação baseada em pasto, capazes de capturar o carbono e fixá-lo no solo e na vegetação, neutralizando a chamada “pegada ecológica”. 

“O objetivo da Epagri é mostrar que é possível conciliar competitividade, produtividade e sustentabilidade na produção de carne e leite em áreas de pasto e contribuir com os compromissos de redução das emissões assumidos pelo Brasil nos Acordos Climáticos de Paris”, afirma o presidente da empresa, Dirceu Leite. 

Os pesquisadores preveem redução de mais de 50% do metano e de 30% de óxido nitroso. “Estamos buscando estratégias de manejo que levem à mitigação das emissões de gases e, se possível, a um balanço neutro de carbono, associando a imagem da pecuária catarinense a um ambiente de produtividade, qualidade e sustentabilidade. Essa imagem traz oportunidades de agregação de valor ao produto, seja carne ou leite”, explica Cassiano Eduardo Pinto, engenheiro-agrônomo da Estação Experimental de Lages e pesquisador atuante no projeto.

Os gases de efeito estufa provocam a elevação da temperatura média global. Esse aquecimento aumenta a frequência de eventos climáticos extremos como seca, excesso de chuva, granizo, ondas de calor e de frio. Estes fatores trazem prejuízos à própria atividade agropecuária, influenciando na queda da produtividade e comprometendo a segurança alimentar, ou seja, a oferta de alimentos para a população. 

Mais resiliente e produtiva

A partir dos resultados obtidos pelo projeto, a Epagri vai estabelecer uma série de recomendações técnicas aos produtores, muitas já bastante utilizadas. Entre elas, o uso de suplementos na dieta de bovinos e outras estratégias nutricionais, visando a redução tanto do gás metano quanto do óxido nitroso; e a recuperação de pastagens degradadas a partir de sistemas forrageiros (pastos) que aumentem o estoque de carbono no solo. 

Sistemas de pastagens fixam carbono no solo e trazem mais qualidade à dieta dos animais, emitindo menos gás metano (Foto: Divulgação/Epagri)

As técnicas não só transformam a pecuária de corte e leite em uma atividade mais sustentável como têm potencial de melhorar a produtividade e a resiliência da área às mudanças climáticas. O uso de sistemas forrageiros com leguminosas, por exemplo, reduzem o uso de fertilizantes sintéticos, melhoram a saúde do solo e da água e são mais resistentes às pisadas dos animais e à erosão em caso de excesso de chuva.  

A pesquisa Pecuária ConSCiente Carbono Zero é desenvolvida em diversas estações experimentais da Epagri, com atuação de 19 pesquisadores da Epagri, e tem parceria com Universidade do Estado de Santa Catarina, Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade Federal de Santa Maria, Universidade Federal do Rio Grande do Sul e Embrapa. O prazo de conclusão e início das recomendações é 2026. 

Por Cléia Schmitz, jornalista Bolsista Epagri/Fapesc 

Mais informações e entrevistas: Tiago Baldissera, pesquisador da Estação Experimental de Lages, fone (49) 3289-6440

Informações para a imprensa: Isabela Schwengber, assessora de comunicação da Epagri: (48) 3665-5407 / 99161-6596

Conheça o sistema de produção à base de pastagens perenes preconizado pela Epagri.

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