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O Dia Mundial do Crochê foi comemorado em grande estilo em Guabiruba, no último sábado, 13 de setembro, com um desfile de moda que movimentou o pequeno município de 27 mil habitantes, onde todo mundo se conhece. Era o primeiro desfile promovido pelo Ateliê da Edir, com o apoio da Epagri, capitaneado pela artesã Edir Krempel, 66, que concretizou o sonho de empreender fazendo aquilo que mais ama, graças ao curso Flor-E-Ser, realizado em 2023. “Eu não queria que a arte do crochê morresse, por isso fiz o plano de negócio para montar o ateliê e hoje já tenho 25 alunas”, comemora.

O desfile aconteceu no Salão da Paróquia de São Cristóvão, com público estimado em 200 pessoas, entre amigos e familiares das alunas que ostentavam, orgulhosas, as peças que criaram a partir dos ensinamentos de Edir. Tinha vestido de festa, macacão, calça, saia, blusa, colete, acessórios e até um casaco em forma de dinossauro, desfilado por Pedro, neto da artesã. Edir encerrou o desfile com um buquê de rosas feito de crochê.
Ela conta que nada disso seria possível sem a dedicação da extensionista social da Epagri Adalgisa Berger Belotto, que a convenceu a fazer o curso de empreendedorismo feminino na capital, o Flor-E-Ser. Naquela época, Edir já dava aulas de crochê na Fundação Cultural da cidade e em uma loja de aviamentos, e vendia suas produções na sala de casa. “A Adalgisa veio com a ideia de fazer uma reforma num espaço lá em casa; deu tão certo que agora eu me dedico só ao ateliê e ajudo as alunas a vender suas peças no meu perfil do instagram”, revela.
Ir até à capital nos cinco encontros no Flor-E-Ser ao longo de quatro meses não era tarefa fácil. Edir conta que levantava às 3h para pegar a carona e depois encarar a maratona de atividades entre palestras, oficinas e dinâmicas de grupo. Mas a vivência foi tão transformadora que ela continua amiga das participantes. Não é à toa que um grupo de 44 artesãs de Biguaçu veio, no sábado, prestigiar o desfile em Guabiruba.

“É uma experiência que a gente vai levar pra toda a vida. Nas palestras e na troca de experiências com as colegas aprendi sobre jardinagem, paisagismo, receitas de família, novas tecnologias, conhecimentos pra gente se atualizar e se aperfeiçoar”, elogiou.
Arte resgata tradições e atravessa gerações
Uma das alunas que estreou na arte do crochê pelas mãos de Edir é a professora Edna Maria Silva Jasper, 59. Ela desfilou de colete e echarpe acompanhada da neta Mariana, de quatro anos. Edna conta que durante décadas trabalhou 40 horas por semana, e quando veio a aposentadoria, sentiu falta daquela vida movimentada. Então, ela decidiu resgatar a tradição da avó, que fazia toalhinhas de crochê, para presentear a família.

“Minha avó aproveitava o fio de barbante que sobrava do plantio de fumo para fazer as toalhinhas. Com ela aprendi apenas a fazer a correntinha, agora me especializei em fazer sousplat (suporte para o prato). Cada vez que uma sobrinha casa eu dou um jogo, elas adoram!”, relata.
Como Edna nunca tinha feito uma peça de verdade, ter aula com a experiente artesã, que faz crochê desde os 12 anos, foi fundamental. “Edir é a pessoa mais doce que eu conheci. Um coração que não cabe dentro do peito. Uma inspiração para todas nós”.
Complemento de renda e fortalecimento de vínculos
No caso de Vera Luzia Kistner, 63, e Maria Kormann, 64, o crochê também se tornou fonte de renda. Vera faz crochê desde a adolescência, mas a prática só deslanchou depois que começou a ter aulas com a Edir, há nove anos. Ela desfilou um casaco de lã, que levou dois meses para concluir, já que só consegue se dedicar ao ofício após deixar a casa um brinco. Além de vestir a família, ela faz peças sob encomenda, inclusive enxoval para bebê.

No caso de Maria, que faz crochê há cinco anos e tem uma facção têxtil em casa, as peças artesanais complementam a renda. Ela desfilou com um colete, a primeira peça que fez na vida, um símbolo de sua nova atividade. Maria faz souplats e trilhos de mesa e vende nas redes sociais, dando continuidade à tradição da avó, bordadeira de mão cheia.
“Eu adoro uma mesa bem posta, sabe? Tudo que faço tem essa preocupação de fazer com capricho. E a Edir é uma professora excelente, muito detalhista e paciente para explicar cada ponto. O único problema é quando ficamos conversando demais e temos que desmanchar e fazer tudo de novo”, conta, dando risada.

Por Renata Rosa, jornalista bolsista da Epagri/Fapesc
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