A 39ª Festa do Colono de Itajaí recebeu 150 mil visitantes entre 25 e 27 de julho, numa grande celebração ao modo de ser e viver no campo, que reuniu moradores das comunidades rurais, produtores, curiosos e especialistas na produção de alimentos. A Epagri marcou presença no evento com um pavilhão com inovações nas áreas de horticultura orgânica, piscicultura, fruticultura, cultivo de arroz, entre outros.
A festa abriu na sexta-feira, dia 25, com o 25º Encontro das Mulheres do Campo. Após as falas da gerente da Estação Experimental da Epagri em Itajaí (EEI), Ester Weickert, e do gerente regional da Epagri em Itajaí, Jorge Malburg, cerca de 150 mulheres ouviram dicas preciosas sobre educação financeira e palavras motivacionais de Ainor Lotério. Após as palestras, chegou a hora mais esperada: a premiação do 28º Concurso de prato típico, que foi realizado em 13 de julho, no Parque do Agricultor Gilmar Graaf, onde aconteceu a festa.
Maria Leonete Novaris Baixo, da comunidade de Rio do Meio, estava radiante ao receber um forno elétrico das mãos do gestor do Centro de Treinamento da Epagri em Itajaí (Cetrei), Otávio Zimmernan, da extensionista social Mabel Gomes Dias Lago e da secretária de agricultura, Flávia Sehn. E não é pra menos, depois de quatro tentativas, finalmente ela ganhou na categoria doce com seu brigadeiro de abóbora moranga, legume que faz parte da memória afetiva da família da agricultora, que veio do oeste em 1999.

“Minha mãe ensinou pra gente a fazer tortéi, pudim, pão, tudo a gente fazia com abóbora”, relembra. Habilidade que a transformou em uma das quituteiras mais afamadas do Rio do Meio, que não abre mão de suas delícias em aniversários, casamentos e festas de primeira comunhão. Mas no concurso de prato típico, ela não dava sorte, até mudar de estratégia.
“Todas as vezes que participei foi com prato salgado, como pão picante, escondidinho de carne seca, e nada de me destacar. Aí eu comecei a prestar atenção no que os jurados diziam dos pratos que ganhavam e percebi que eles gostam de produtos coloniais, por isso, desta vez, parti pro doce com um legume da minha horta, deu certo!”, comemorou.
Ingredientes de qualidade fizeram a diferença
Já Zenila Vitti Vieira, vencedora da categoria salgado com seu pastel de cebola, nunca havia participado do concurso, pelo menos, não diretamente. Ela conta que seu marido não simpatizava com a ideia, por isso ela não se inscrevia, mas ajudou outras concorrentes ensinando receitas suas, testadas na cozinha de sua casa. “Teve um ano que ganhou um pão colorido e em outro, charutinho de ricota, todas receitas minhas. Mas, desta vez, como não havia ninguém representando a comunidade do KM 12, aceitei o convite”, afirmou.
Zenila aprendeu a receita campeã com a mãe, e sofisticou o prato com ingredientes de qualidade e exclusivos, do recheio à massa. “Quem prova meu pastel diz que não tem igual porque ninguém usa a farinha de trigo que eu uso”, aponta. Ela conta que a farinha é fornecida pelo filho Germano, que trabalha com moinho teste, uma máquina que testa a qualidade do grão de trigo para empresas. Outro segredo é utilizar parmesão ralado na hora. “Queijo ralado de pacotinho não entra na minha cozinha”, garante.
Denise Sedrez Hilgelmann, do Arraial dos Cunhas, ficou em segundo lugar na categoria salgado e recebeu um forno microondas. Seu prato tinha como base o aipim de Itajaí, que está em processo de conquista do Indicador Geográfico (IG), graças ao terreno de turfa, que lhe confere sabor e maciez únicos. No recheio, frango, brócolis e palmito refogados. “Queria trazer algo prático, barato e gostoso, que todos os convidados adoram!”, conta. Quem ficou interessado em reproduzir as receitas, elas estão disponíveis aqui.
Pavilhão da Epagri aproximou moradores da cidade das tecnologias para produzir alimentos
Durante todo o evento, pesquisadores, extensionistas e técnicos da Epagri se revezavam para mostrar aos visitantes as tecnologias sustentáveis desenvolvidas na EEI. O engenheiro-agrônomo Alexandre Visconti mostrou como a estação se tornou referência em produção orgânica de hortaliças. No estande era possível conferir experimentos com cultivo suspenso, o Sistema de Plantio Direto de Hortaliça (SPDH) e o biofertilizante aeróbico.
No estande de Citros, a pesquisadora Luana Castilho Maro tirava as dúvidas dos visitantes sobre a grande variedade dessas frutas suculentas e ricas em vitamina C, que estão em plena safra. Uma das que mais chama a atenção é a laranja sanguínea, que é vermelha graças ao licopeno, o mesmo encontrado no tomate. Ao lado, o técnico agrícola Ingomar Seidel mostrava o plantel de bananas da coleção da EEI, estimada em 130 variedades.

Na piscicultura, dois tanques com tilápias chamavam a atenção de adultos e crianças. A médica veterinária Lúvia Souza de Sá explica que os peixes trazidos para o pavilhão são matrizes reprodutoras desenvolvidas no Campo Experimental de Piscicultura da Epagri (Cepit). O biólogo Raphael Leão Serafim revelou que, em breve, deve ser lançada a quinta geração das tilápias, que são mais resistentes ao frio e têm maior rendimento de filé.
No Projeto Arroz, os engenheiros-agrônomos e assistentes de pesquisa Nicolas Wolff e Pâmela De Bacco mostravam os diferentes tipos de arroz e o processo de beneficiamento, inclusive o SCSBRS126 Dueto, que é tolerante ao estresse de temperatura.
No estande do Cetrei, Natália Kominkiewicz falou dos cursos oferecidos à comunidade, como a panificação nutracêutica, enriquecida com Plantas Alimentícias Não Convencionais (PANCs). Já o engenheiro-agrônomo Antônio Henrique dos Santos mostrou ao público a turfa, o solo rico em matéria orgânica, responsável pelo inigualável aipim da terra preta.
Por Renata Rosa, jornalista bolsista da Epagri/Fapesc
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